quarta-feira, 26 de maio de 2010

Little drops of rain

Leve como uma nuvem, a imagem dela paira relembrando aqueles momentos maravilhosos em que nenhum dos dois tinha pressa de nada, apenas queriam que o tempo passasse devagar para aproveitarem mais a companhia um do outro. Ele precisava muito incorporar essa leveza, pois assim deveria traduzir tudo que via sem demasiados detalhes. Estes, deveriam ser preenchidos com a capacidade alheia de imaginar.

Ele sentou-se no banco, pois era um costume que tinha adquirido com aquela bela companhia. Era muito gostoso ver as pessoas passando, e muitas outras sentadas ao contemplar aquela paisagem. Aquela era a hora: respirar fundo, sacar a caneta, e riscar o papel.

Cada linha formava um contraste interessante: letras disformes e feias procurando palavras exatas e belas. Ele se eximia da responsabilidade de afirmar se teve sucesso na busca, apenas observava, lembrava e escrevia. O lugar dava paz, a brisa inspirava. Tinha vontade de dividir aquilo que via com o mundo todo, mas especialmente com ela. Porque tudo o que faz-se belo, tudo que encanta e arranca brilho nos olhos, tanto as pinturas de artistas renomados como os monumentos, sem esquecer das verdes montanhas e cristalinos rios, tudo isso pertencia a ela.

Quando iniciou seu trabalho, ele sabia. Descrever as coisas seria loucura. Deixe que as fotos mostrem uma imagem fiel daquilo. Ele queria mesmo era poder colocar no papel cada sabor, cada palpitada que sentia em seu peito cada vez que se deparava com uma novidade. Seu intuito nem era provar que aquele lugar, comparando, era mais belo que muitos outros. Mas, contraditoriamente, se conseguisse passar o que sentiu quando pisou ali, isto ocorreria como produto de sua obra.

Decidiu por concluir: lugar que enche os olhos e a alma. Perfeito para deitar na grama relaxado ou exercitar suas faculdades mentais. Lugar de verde e concreto, presente e passado convivendo em plena harmonia. Lugar que o sol tornava belo, mas a chuva afirmava sua beleza.

Pronto, nada mais era preciso. Ele fechou o caderninho e saiu para recolher pequenas gotas de chuva para ela.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

What did you see, when you were there?

O tempo passa, e, as impressões colhidas são as melhores possíveis. Não há de se confundir saudades com desgosto: são duas coisas completamente diferentes. As saudades de verdade só fazem crescer. Elas vêm para nos mostrar o real significado das coisas que, por vezes, deixamos passar em branco. E não há nada melhor do que recorrer à memória para transpor o que de bom passou às coisas presentes: sentir saudades é um contínuo exercício de utilizar a memória rebuscando tudo que há de belo em sua existência.

Semântica. Sim, pois tudo que se vê pode ser um grande vazio, um recipiente de impressões superficias que resultam em uma forma de admirar completamente oca. Mas, quando se atribui sentido, quando se busca a essência, o resultado se torna gratificante. É assim que se lida com a falta: buscando o gosto e cheiro das coisas, relembrando e aplicando ali, no que se vê. Porque a memória de algo que passou pode estar em uma cena nunca antes presenciada. E perceber isso é um grande passo para quem quer sorrir sempre, mesmo com a lâmina afiada pressionando seu peito sem piedade.

O tempo passa, e, as memórias ficam mais fortes. Porque o saudoso cultiva suas saudades como bela flor em seu jardim. Melhor ter do que recordar-se a continuar uma vida sem ausência, mas também sem preenchimento. Vivenciar e sentir falta é bem mais vantajoso, pois, a ignorância evita as saudades mas também ilude, dando uma impressão de que a vida é só aquilo e deixando sua existência passar sem conhecer alguma beleza.

O mundo estende os tapetes da grandiosidade àquele que consegue portar consigo a humildade. Pois, apenas as mãos humildes trabalham e sentem em si o gosto da terra úmida. Só essas mãos podem ter delicadeza e sensibilidade para amar o simples, e aí então saber discernir o essencial e o supérfluo do mundo. Na vida, todos havemos de nos apegar às coisas certas e entender o que de fato é uma oportunidade.

As saudades, sim, elas acontecem. Mas elas são um convite ao retorno, e todos sabemos a hora de retornar. E, quando em nossas mãos está a oportunidade de vivenciar novamente, temos que levar o aprendizado conosco para aproveitar cada segundo levando em conta o vazio que ficamos quando estamos distantes. Há de saber diferenciar, pois, cada momento da vida é cronometrado para as coisas acontecerem na hora certa. O retorno sempre depende de nós. E, antes de dizer adeus, temos que saber o que traremos da próxima vez. Viajar é mais do que aprender sobre o mundo. É o que aprendemos sobre nós mesmos.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sprayed it with perfume

Pefume é cheiro que toca suavemente nosso olfato e nos encanta com força e suavidade. Pois o perfume bom tem personalidade, mas mesmo assim é sutil e não nos agride. Ele consegue nos seduzir com a coisa mais básica que precisamos fazer para viver: respirar. E todo mundo que quer manter-se em pé deve apreciar um bom aroma.

Como é mágico, o perfume. Nós conseguimos sonhar com olores, com uma sensação muito similar à que temos quando acordados. Eles podem ficar guardados num frasco, assim, protegidinho. Ou então desfilar por aí, envolvendo o corpo da mulher amada e dando aquele toque mágico a qualquer ambiente em que ela estiver. E o cheiro dela nada mais é que complemento e potencializador de sua beleza; ela não deve ser vistta apenas com os olhos, mas também captada pelo olfato.

O melhor é que o cheiro é muito pessoal e característico, mas ao mesmo tempo pode ser transportado por objetos e pelo imaginário. Sim, o perfume pode se impregnar em pecinhas de roupa ou pequenos mimos dados pelos amantes, como também pode embebeder-se na memória para nunca deixar o outro só. É recordação e presente, é sensação que pode ser levada em caixinha com fita ou pedaço de tecido.

Sim, os cheiros são fantásticos, maravilhosos. Mas o melhor mesmo é a imagem de seu portador, após um reencontro. Mesmo com regalos e recipientes, mesmo com a memória que busca o aroma e traz prazer similar, não existe maior gosto que retornar para sentir novamente o perfume nas roupas, cabelo e pele de quem exala um perfume tão especial.