terça-feira, 12 de junho de 2012

This Time

Às vezes, a flor não se importa com o vaso e a ternura é o prato mais saboroso a ser servido. A chuva vira trilha sonora, suave na janela, enquanto os sonhos acontecem de olhos abertos e sorrir é a única opção. E a valsa pode ser dançada a qualquer som e a passos tortos, desde que haja convite, suave e inebriante quando só se sente o coração bater.

A sinfonia sem maestro que toca ao ritmo desse metrônomo descompassado se chamar amor. Composta por instrumentos peculiares, é verdade, numa peça em que só dois são convidados a participar. E nela cada nota é tocada suavemente no corpo do outro, de olhos fechados, sem precisar de partitura. Todo improviso é bonito, e a sintonia nunca deixa a música desafinar.

Enquanto lençóis ficam amarrotados e as velas queimam lentamente. Enquanto a camisa manchada de vinho repousa sobre a cadeira e a bolsa aberta esparrama seu conteúdo esquecida sobre o sofá. Enquanto as paredes ocultam o mais belo segredo e a lua se enche para engrandecer a noite e um sapato ficou à porta enquanto outro está debaixo da cama, os enamorados se redescobrem, não pela primeira muito menos pela última vez.

Mas é como se fosse ambas. Porque a música segue e os corpos se buscam. E dessa vez os olhos não mentem. O beijo na testa antes do adormecer fala mais do que qualquer diálogo. Ali, postos um diante do outro, não basta o encontro físico: ainda sonharão um com o outro. Porque este é o momento e a vez de eternizar o amor.