quarta-feira, 29 de agosto de 2012

It makes me wonder

Hoje você vai questionar a vida, porque tudo parece torto. Porque suas lembranças estão mais gostosas que o dia de hoje, e nenhuma resposta parece vir há tempos. Hoje, suas horas eram árvores de inverno, secas e sem folha. E a mais leve crítica era vento que roubava o restante de sua beleza. As pessoas passam por você e não reparam, pois não há nada a ser visto. Você é vestígio de vida resumido a quase nada, um objeto quase inanimado que só está em pé por teimosia. E mesmo que as nuvens se abrissem, o azul voltasse com raios de sol e oferecessem todo o calor para que a vida voltasse ao seu corpo, você não aceitaria.

Mal sabe você que, assim que o mundo andar mais um pouco e o inverno passar, voltará a ser bela dama de vestidos sensuais. E em seu corpo que residirá todo o refresco e calor do mundo. Toda a vida e clamor por oxigênio. Porque toda mulher é predestinada a sofrer, embora não seja merecedora. Mas é a mulher que tem o talento de virar o jogo em uma cruzada de pernas. É você que pode ter o olhar mais doce e mais gélido, mas que escolha sempre o lado doce. Só espero que prefira o sonho ao pesadelo, e a ternura tão inocente que cativa mesmo sem propósito.

E eu fico pensando o que é que você está esperando?

O alinhamento bizarro dos planetas, ou talvez o bater de asas de uma borboleta. As areias de uma ampulheta, os ponteiros de um relógio. Alguns dados concretos, ou talvez uma intervenção divina. Ou talvez apenas um motivo para sorrir.

E aqui está ele: um elogio.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

This broken man

Eu sou o sorriso ingênuo da paixão,
que em lençóis puros consolida o pecado.
E que procura na lua uma resposta para o aperto,
mas só acha nela o refletir de um olhar.

E sou o beijo mais sincero e doce,
repleto de vontade e veneração.
A admiração que empresta brilho aos olhos,
o novo cheiro que perfuma seus travesseiros.

Eu sou quem aceita ser torto e quebrado,
quebrado de curvar-se às chances do destino.
Quebrado por ser um sonho que nunca acabará,
mas que por diversas vezes terá gosto de pesadelo.

Eu sou a chuva que inunda os olhos,
as lágrimas salgadas que acariciam o rosto.
Mas nunca deixarei de ser aquela memória boa,
nem me tornarei menos só porque me fui.

Não importa se faço ou não falta,
contanto que na essência eu ainda saiba.
Saiba que sou quebrado e não tenho conserto,
e estarei por aí aos cacos e remendos.

Eu sou o presente tímido dado com sinceridade,
eu sou o beijo de boa noite com sussurros,
eu sou o sonho vivido e prova de sua existência.

Eu sou uma promessa que vai ecoar inúmeras vezes,
até que um dia finalmente se calará.
Mas, mesmo quando o vil momento chegar,
eu serei aquele grande e imenso vazio.
Um vazio como as peças que me faltam.