domingo, 28 de fevereiro de 2010

The ocean

Neste mar que nado, não busco o fim. Quero continuar flutuando, enquanto a água me refresca e me faz leve. Sigo assim, de olhos fechados, enquanto a correnteza me puxa e define meus rumos. Pulei nessas águas por vontade própria, sem esperar nada menos que um mergulho prazeiroso. Ele me carrega com tanto carinho, que esvazio minha mente enquanto passo pela paisagem maravilhosa. É tempo de aproveitar todas essas sensações, de tirar o melhor do momento.

Não preciso pensar por quanto tempo ficarei aqui. Na verdade, temos mesmo é que seguir as palavras do poeta e fazer disto infinito. Não me cabe determinar nada, só me caberá cumprir minhas promessas. Promessas que faço com certeza de navegante, pois a minha palavra é bússola que não erra. Meu norte é a sinceridade.

Sim, prossigo a todo vapor, sobre as ondas mais altas que possam surgir do inesperado. Continuo neste rumo, de aventura que me toma e me lança ao desconhecido. Nada temo, nem a dor do afogamento. Já mergulhei muito em águas menos límpidas, menos tranquilas e nada refrescantes. Deixo que este mar me conduza, sigo leve e em paz.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Fortune

Reflexo congelado nos olhos,
suspiro involuntário num abraço,
um rosto que sorri minha alegria.

Dedos entrelaçados com cabelos
que escorrem pelo rosto até o queixo,
um adjetivo próprio e com sotaque.

Brigada de muitos sonhos,
seja durante o sono ou desperto.
Sutileza que passeia em vestido branco.

Mãos que me puxam para cima,
que enchem meu pote de ouro.
E me abrem os olhos pra riqueza.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Tijolos

A cada tijolo colocado sobre o outro, a história ia se erguendo. Tijolinhos pequenos e tímidos indo de encontro aos céus, edificando sonhos que pairavam resplancescentes, feitos não em momento de miséria, e sim de fartura. Aquele era o lugar favorito, aquela era a companhia perfeita. O momento ideal, algumas jaleninhas abertas, com frestas de luz para que pudéssemos enxergar por trás dos tijolos. Podiam ter crianças ou apenas momentos bons. Podia ter comida boa e sem luxo. Era a simplicidade que guardava toda aquela esperança de uma paz de espírito duradoura e equilíbrio salvo num sorriso.

Pronto. A liga era aquilo, o entrosamento, a confiança. Um tijolo apoiando o outro, se entregando sem medo. Não importava o que acontecesse com aquela edificação: um levaria consigo um pedaço do outro, mesmo se algum dia uma fatalidade demolisse tudo. Postos juntos, teriam uma ligação eterna.

A rua era linda, calma. Estava ao lado de várias paixões. Respirava com vigor, e lá o prediozinho ficaria, com nome peculiar e arquitetura aconchegante. Nascera sem saber o propósito que teria, no quanto poderia nos levar a divagar sobre a vida. E a pensar e esperar coisas boas. E sorrir pensando que sempre dá para ser mais feliz. E dar boa noite querendo transmitir seus sonhos, sonhos tão gostosos que modificam o semblante durante o sono.

Ficou ali, o prediozinho simpático e ao mesmo tempo imponente. Seus tijolinhos amontoados eram apenas alguns degraus para subirmos e alcançarmos nossos sonhos. Eram jóia dada com carinho, que seria cuidada para sempre. Cuidada como se fosse uma vida, e respirasse. Porque é nessa simplicidade que ganhamos aquele sorriso que nos faz viver cantarolando e acordar sonhando.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A alameda

O que caracteriza uma alameda, por definição, são as àrvores que acompanham seu caminho. Porém, há uma alameda especial, onde podemos caminhar tranquilamente de braços dados, com a certeza da aparição de um banquinho providencial. Ela tem casinhas que lembram outro canto do mundo, e suas pequenas ruas nos recebem com sorriso de covinhas no rosto.

A alameda com sua tranquilidade, com pequeninos e simpáticos comércios bem peculiares. Coisas diferentes, coisas feitas à mão. Coisas simpáticas e rústicas que ganham valor pela simplicidade e bom gosto. Aquele lugar foi escolhido a dedo, com assentos tão convidativos quanto belos e sorridentes olhos. Ela tem perfume, e sua paisagem combina com leves vestidos para passeios em dias de verão.

Quando anoitece, a alameda continua tranquila. Ficam poucas luzes acesas, permitindo que nos aconcheguemos em um cantinho aproveitando a meia-escuridão. E os rostos se iluminam quando os faróis dos carros batem por poucos segundos, apenas para refletir intensos brilhos nos olhos. E a lua, imponente, ainda deixa cair seu prateado para banhar sutilmente as paredes do lugarzinho.

E então, a madrugada toma a alameda. E é hora de dormir com sonhos e planos, com passeios a curto prazo e promessas de retorno. É hora de despedidas longas, de lidar com a vontade de ir embora, de repetir incansávelmente a "última vez". É o início da saudade, da nostalgia que trará lembranças da nossa alameda. Mas a gente volta, fugindo da chuva, ou aproveitando um passeio à agradável luz do sol.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Aos formandos de PP 2009

Casperianos queridos, foi uma honra poder representá-los como orador do curso. Obrigado pelo apoio e toda a vibração, de verdade!

Abaixo, mais ou menos o discurso que fiz na colação de grau, para vocês se recordarem desse dia quando quiserem. Não dá pra reproduzir exatamente, mas não sai muito disso. Beijos!


Todos os dias eu encaro a folha em branco para encantar os desconhecidos. Para falar bem dos outros, para pensar em como emocionar, fazer uma ideia ser aceita. A gente pensa no simples e no mirabolante, planeja muito e tira soluções do nada.

Mas, pra falar sobre esses 4 anos de Cásper, não é preciso nenhuma folha. Na verdade, difícil mesmo é organizar os pensamentos. A cada hora que fechamos os olhos, nasce um novo texto.

Vocês se lembram de ontem? Nós éramos chamados de bixos e tudo era novidade: descobrir a existência do andar 3 e meio no dia da matrícula, se deparar pela primeira vez com uma quadra no 6º andar. Se apaixonar por uma bateria que dita o ritmo dos nossos corações em uníssono, experimentar as primeiras rivalidades do JUCA.

Ainda tiveram as baladas, mas é sacanagem pedir para que vocês se lembrem delas, porque todas eram “open bar”.

Então chegamos aqui. Éramos bixos e, de repente, viramos veteranos conduzindo um grupo todo pintado e melecado para o bar. Em uma velocidade absurda, chegamos ao fim, e tem um diploma com o nome de cada um esperando para ser entregue. Um pedaço de papel que você vai pendurar na parede ou guardar na obscuridade de um armário.

Mas não é isso que vai mudar nossas vidas.

O que vai mudar as nossas vidas são as madrugadas que passamos em claro fazendo tcc, ou aquele pesado livro do Kotler que carregamos pra cima e pra baixo porque nos falaram que era a bíblia. O que vai mudar as nossas vidas é o colchão de ar que furou no JUCA, ou as aulas de filosofia no boteco. Ou aquele projeto concorrencial que até agora não sabemos quem ganhou, ou a galera pulando na piscina nos churrascos.

Para nos tornarmos o que agora somos, foram necessárias muitas conversas importantes no escadão. Horas intermináveis de estresse na fila da impressão. E também a doutrina de professores com critérios “injustos, desconexos e aleatórios”, aulas sobre “qual o sentido da vida, seu desgraçado?” e professores que madrugaram ao nosso lado para responder a e-mails corrigindo os projetos.

E, por falar em projetos, de quantas coisas abrimos mão para chegar até aqui? Quantos amigos partiram para buscar seus sonhos em outro lugar? Mas nós que ficamos temos que ter orgulho. Temos que nos sentir privilegiados de conhecer nossos amigos e fazer parte de um grupo tão especial.

Por muitas vezes, fomos indisciplinados e travamos guerras com professores. E hoje em dia isso virou virtude, já que nos fez chegar até aqui. A gente não faz sentido, até porque a maioria das pessoas não entende o que nós fazemos. Ou como temos que ser adaptáveis a qualquer mudança social, cultural e econômica. Ou como podemos arrumar emprego tomando cerveja e até mexendo no twitter.

Nem tudo é tão maravilhoso como fazemos parecer ser. Nós criamos mundos fantásticos, mas a verdade é que apenas somos procurados quando existem problemas. E as pessoas ainda acreditam que trabalhamos brincando, porque a gente tem acesso a Orkut, facebook, lastfm e qualquer outra tranqueira no ambiente de trabalho. Mas a verdade é que a gente é obrigado a conhecer e experimentar qualquer coisa nova nova que apareça, pois pode ser a próxima tendência.

Por tudo isso, se não ficarmos espertos, rapidinho viramos dinossauros e seremos descartados do mercado. Então, a partir de agora, é bom fechar os olhos de vez em quando e lembrar dos 4 anos de faculdade. Fechem os olhos e deixem que essas memórias tragam consigo novas ideias. Porque é isso que vai mudar nossas vidas sempre que precisarmos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A lua da Mooca

Da minha janela não vejo lua,
mas ela é bela mesmo assim.
Dizem que está cheia,
e toda com sotaque de colônia.

A lua, do outro lado da cidade,
tão bela, mas de mim se esconde.
É uma lua diferente, repleta de emoção,
tal qual a paixão aguda pelo bairro.
Dizem que lá tudo é mais belo,
em um encantamento de voz que se faz argumento.

Quisera eu também ver esta lua,
simples, como as ruazinhas carinhosas.
Como as velhinhas com cadeiras nas calçadas,
e os velhinhos caricáticos e bonachões.

Essa lua eu ainda vou conhecer,
pelos olhos cheios de orgulho daquele bairro,
e de histórias pra contar.
Cheios do verde que eu tanto gosto,
cheios como a lua que eu não vi.