quarta-feira, 24 de abril de 2013

Horizonte

Quem me dera ser astro imponente no céu,
pra ter sua atenção até nos momentos menos brilhantes:
fazer com que pare seus pensamentos ao me esconder,
ou que sorria no pequeno prenúncio da minha chegada.

sábado, 6 de abril de 2013

Teorema da leveza

A vida pode ser a leveza das palavras. E o pequeno aconchego particular de uma vista bela, uma caneca e uma máquina de escrever. O sabor doce e o calor que toma seu corpo enquanto o horizonte sussurra palavras no ouvido e inspira as pequenas mãos a empurrar as teclas para talhar frases magníficas, letra por letra. As mesmas mãos que sem trabalho nenhum conseguem transmitir tal sensação em pequenas mensagens cotidianas, como se tivessem o poder de nos fazer flutuar com sua delicadeza.

É como a beleza de um por-do-sol: um espetáculo esplendoroso que nos maravilha sempre que paramos para observar. E é na simplicidade que residem os grandes prazeres da vida, na nossa capacidade de amar um céu azul ou simplesmente escutar a sinfonia de uma manhã chuvosa, sob os cobertores. Ou entender o porquê de um copo americano, de uma mesa na calçada, de pequenas sensações e experiências que, de tão corriqueiras, nos fazem transcender.

Não tem bênção maior do que ser leve, e ter essa capacidade de tirar o peso das coisas em simples toques. Uma leveza tão grande que simples palavras tornam-se feitiços capazes de arrancar pequenos sorrisos no canto de rosto, sutis como suspiros, e que possuem sentido maior que as gargalhadas.

Propositalmente ou acidentalmente, essa leveza cativa e nos conduz como as diversas notas passeando por um jazz improvisado. Um jazz sem pauta mas que é executado em plena harmonia e sem perder o ritmo. Porque a vida não segue regras nem scripts, mas cada capítulo dessa nossa epopeia é orquestrado de forma majestosa sem ter obrigação nenhuma em fazer sentido. Não importa o desfecho, cada momento é único. E que seja sempre leve, permitindo-nos sonhar com paisagens, frases e bebidas, enquanto o pequeno chiado de uma vitrola ainda significar alguma coisa.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Pedido

Não seja tempestade que afunda meu barco,
tormenta que apavora minha tripulação.
Tão perto do meu porto seguro,
meu cais com esposas aflitas
que olham para o mar aguardando retorno.

Não seja a carta que me convoca à guerra,
que me troca a família por um batalhão.
Que interrompe meus sonhos com ataques aéreos,
e transforma minha quase-esposa em viúva.

Seja o pára-quedas que abre no último minuto,
o longo caminho de retorno para casa.
Diga sim às chances da vida e sorria,
e seja a marca imortal do herói de uma epopeia.

Ou então a sirene no fim de tarde da fábrica,
que diz ao operário rumar para sua casa.
E, mesmo exausto, ele abraçará sua esposa
antes de colocar sua prole para dormir.

Só peço que seja o frio no estômago,
a expectativa que precede o clímax.
A intensidade, a positividade, o "sim".
A singular beleza de uma pequena afirmação.