A espera foi longa, porém, necessária. Ao chegar, ele não a viu. Estava tão preocupado em encontrá-la, que, afoito, mirando distâncias maiores, não viu que já tinha passado pela garota. Assim, após poucos passos e empurrando seu carrinho de malas, ele escutou seu nome. Era aquela voz que tanto fazia falta, que ele estava ansioso para escutar. Estremeceu e virou meio perdido, procurando por ela. Desnorteado pela emoção e pela atmosfera diferente, viu a garota caminhando em sua direção, com sorriso no rosto e lágrimas nos olhos.
Abraçaram-se.
Na cena seguinte, as malas foram esquecidas, o chapéu estava no chão e os dois se abraçavam e beijavam como se uma guerra os tivesse separado. Nunca mais queriam tanta distância, que tanto multiplicava as saudades. Estar nos braços um do outro era o maior conforto, era o lar de ambos. Ele respirava fundo e curtia o momento, especialíssimo. Como era bom voltar!
A cada momento que olhavam para o lado, voltavam a olhar o outro sorrindo, como se quisessem gravar aquelas expressões para sempre. Como se estivessem reaprendendo como eram seus rostos, e havia naquele momento um prazer infinito em estudar e analisar o rosto do outro. Quando as mãos tocavam as bochechas, cada palavra desencadeava um sorriso. Então, de mãos dadas, eles viram o ônibus passar, e ele carregava no nome um pedaço da história de ambos. Qualquer que fosse o momento especial deles, estas coincidências estavam presentes, só para fazer parecer ficção.
No caminho, mesmo tendo que olhar para frente, eles se entreolhavam. Tudo valeu a pena, e eles nem se lembravam mais das lágrimas da despedida. E ali, com as malas esperando para serem retiradas do carrinho, com o sol leve sobre suas cabeças, no meio do nada e sem testemunhas, eles seguraram a mão um do outro e sabiam que estavam felizes, mais do que antes, numa afirmação de amor certeira.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Everybody Learns From Disaster
Já vem a primavera, para preencher de cores a paisagem melancólica toda de traços em escala de cinza, que clama e grita pedindo algum rompimento. Sobretudo, além de bela, é pura, pois para renascer a gente precisa de beleza inocente, tal qual aquele sorriso de quem acorda depois de um sonho intenso. A cidade espera que ela pouse delicada, com o deixar do inverno, como borboleta em pétala de flor. Que nos cerque, esvoaçante, e, devagar, venha descer com asas coloridas que batem sutis no jardim.
Não, a estação fria não é feia. É bela, mas tem beleza séria, quase triste. Se fosse música, certamente seria aquele blues que, impiedoso, toca fundo sua alma, e chora triste como o último canto de um belo pássaro. Para romper com ela, tem que ser mesmo a primavera. Carregada de juventude e fértil, toda sorridente e enfeitada.
Talvez esta seja a passagem mais importante. É a transição da vida, o rito entre o fim e o começo. E, nesta etapa, eles ficam invertidos, pois o fim é a etapa anterior. É o fim do fato que nos faz aprender para o começo das atitudes que vamos tomar dali pra frente. E elas vão amadurecer no verão e outono, só sobrando as sementes e raízes mais preciosas para o próximo ciclo.
A primavera está chegando. E nosso jardim vai devolver todo carinho que nele depositamos.
Não, a estação fria não é feia. É bela, mas tem beleza séria, quase triste. Se fosse música, certamente seria aquele blues que, impiedoso, toca fundo sua alma, e chora triste como o último canto de um belo pássaro. Para romper com ela, tem que ser mesmo a primavera. Carregada de juventude e fértil, toda sorridente e enfeitada.
Talvez esta seja a passagem mais importante. É a transição da vida, o rito entre o fim e o começo. E, nesta etapa, eles ficam invertidos, pois o fim é a etapa anterior. É o fim do fato que nos faz aprender para o começo das atitudes que vamos tomar dali pra frente. E elas vão amadurecer no verão e outono, só sobrando as sementes e raízes mais preciosas para o próximo ciclo.
A primavera está chegando. E nosso jardim vai devolver todo carinho que nele depositamos.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Need
Eu só preciso de uma lembrança boa para esquecer as ruins. Só preciso de gotas de chuva para que o calor pare de incomodar. Eu só preciso de mãos firmes segurando as minhas, quando um vendaval está vindo, ou um pedaço de doce para tirar o amargor da minha boca. Eu só preciso de inspiração em dias brancos, um sorriso em dias tristes e um ombro pra descansar às vezes.
Eu só preciso de palavra pra cortar o silêncio, de um lápis para riscar o papel. Eu preciso de paciência quando estou chato, de conforto quando estou triste. Às vezes eu também preciso gritar, dar socos na parede, bufar de raiva e chorar as pitangas da maneira mais inconveniente. Eu só preciso de paz emprestada, de tranquilidade, de espaço pra pensar.
Eu só preciso de um beijo seu no fim do dia.
Eu só preciso de palavra pra cortar o silêncio, de um lápis para riscar o papel. Eu preciso de paciência quando estou chato, de conforto quando estou triste. Às vezes eu também preciso gritar, dar socos na parede, bufar de raiva e chorar as pitangas da maneira mais inconveniente. Eu só preciso de paz emprestada, de tranquilidade, de espaço pra pensar.
Eu só preciso de um beijo seu no fim do dia.
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