Ele estava sentado só, compenetrado em sua composição, copo de whiskey do lado. Ela chegou quase despercebida, fazendo carinho nos seus ombros, com intenções dúbias. Gostava mesmo de provocar, e tentava chamar atenção. Mas era uma concentração quase impossível de quebrar, e ele tentava ignorar enquanto as provocações aumentavam. Ela sussurrava no seu ouvido, com voz gostosa e com cada vez meno pudor. E uma mordida sutil na orelha o fez parar de disfarçar e entregar os pontos.
Quando ele se levantou, ela retrocedeu fugindo do seu toque. Rindo como menina, se jogou na cama, só de camiseta e calcinha. Sutiã já tirado, a marca das pontinhas dos seios sobressaindo-se à camiseta. E, naquele emaranhado de cobertores e travesseiros, ele se perdeu. Não dava mais para contar o tempo, e as palavras nem precisavam mais existir. Os diálogos existam no olhar, nas bocas que se encontravam e nos pelos que arrepiavam.
Então, no fim das contas ela adormeceu. Ele ficou lá assistindo, e seu braço formigou sob o pescoço dela. Pensamentos iam e vinham, enquanto assistia àquele rosto angelical tranquilo, embalado nos sonhos e ele parecia mais nem existir. Então era hora de puxar delicadamente o braço, cobrir a garota e voltar para sua composição.
Serviu mais uma dose no copo. Pegou mais uma folha em branco. O que viria pela frente?
A memória ainda o arrepiava. Ele voltou ao ponto de partida. Esperando se haveria algum sussurro em seu ouvido mais uma vez.
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