quarta-feira, 9 de maio de 2012

The Sound of Silence

Ele estava sentado só, compenetrado em sua composição, copo de whiskey do lado. Ela chegou quase despercebida, fazendo carinho nos seus ombros, com intenções dúbias. Gostava mesmo de provocar, e tentava chamar atenção. Mas era uma concentração quase impossível de quebrar, e ele tentava ignorar enquanto as provocações aumentavam. Ela sussurrava no seu ouvido, com voz gostosa e com cada vez meno pudor. E uma mordida sutil na orelha o fez parar de disfarçar e entregar os pontos.

Quando ele se levantou, ela retrocedeu fugindo do seu toque. Rindo como menina, se jogou na cama, só de camiseta e calcinha. Sutiã já tirado, a marca das pontinhas dos seios sobressaindo-se à camiseta. E, naquele emaranhado de cobertores e travesseiros, ele se perdeu. Não dava mais para contar o tempo, e as palavras nem precisavam mais existir. Os diálogos existam no olhar, nas bocas que se encontravam e nos pelos que arrepiavam.

Então, no fim das contas ela adormeceu. Ele ficou lá assistindo, e seu braço formigou sob o pescoço dela. Pensamentos iam e vinham, enquanto assistia àquele rosto angelical tranquilo, embalado nos sonhos e ele parecia mais nem existir. Então era hora de puxar delicadamente o braço, cobrir a garota e voltar para sua composição.

Serviu mais uma dose no copo. Pegou mais uma folha em branco. O que viria pela frente?

A memória ainda o arrepiava. Ele voltou ao ponto de partida. Esperando se haveria algum sussurro em seu ouvido mais uma vez.

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