quarta-feira, 6 de julho de 2011

Comfortably numb

Naquele momento, era impossível ouvir qualquer coisa. Era um segundo singelo, tal qual o instante exato da criação do universo, quando, em uma explosão imensurável, surgiu tudo que se conhece e pode enxergar até hoje. Enquanto ela caminhava em minha direção, o mundo ganhava vida, cada fio de cabelo ao vento era um raio de luz que vinha ao mundo, e seu abrir de olhos fez com que o mar se agitasse em ondas.

Junto com ela, nascia a história.

Em suas maçãs do rosto, surgiram todos os prazeres da vida, e, em seu sorriso, nada menos do que o amor. A ponta de seu queixo deu origem aos abismos, os mesmos em que saltaríamos com sensação de voar, numa queda infinita e sem volta. Mais ou menos entre o pescoço e o ombro, surgiu o sono confortável e os melhores sonhos. Nos braços, a firmeza e a coragem, enquanto as mãos se encarregavam de inventar a sutileza das nuvens.

No peito pulsava um coração, trazendo o ritmo que deu a luz à música e à poesia, enquanto a maciez do seu ventre permitia que o solo fosse fértil. Suas pernas fizeram com que o mundo girasse, enquanto seus pés cravavam toda firmeza moral e ética que pudesse existir.

Foi assim que surgiu o mundo, e eu senti. Senti como embrião que nada via e flutuava, senti a explosão, o calor e o ar pela primeira vez. Mesmo que não conseguisse escutar mais nada, mesmo com o cérebro formigando. Eu estava entorpecido, entorpecido dela. E, depois que ela surgiu para o mundo, em cada beijo me entorpeço de novo, no meu vício de amá-la como se um universo coubesse no meu coração.

Um comentário:

  1. "Senti como embrião que nada via e flutuava, senti a explosão, o calor e o ar pela primeira vez."

    deve ser incrível, né?
    fico lendo essas coisas e me perguntando como deve ser isso.

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