sábado, 6 de abril de 2013

Teorema da leveza

A vida pode ser a leveza das palavras. E o pequeno aconchego particular de uma vista bela, uma caneca e uma máquina de escrever. O sabor doce e o calor que toma seu corpo enquanto o horizonte sussurra palavras no ouvido e inspira as pequenas mãos a empurrar as teclas para talhar frases magníficas, letra por letra. As mesmas mãos que sem trabalho nenhum conseguem transmitir tal sensação em pequenas mensagens cotidianas, como se tivessem o poder de nos fazer flutuar com sua delicadeza.

É como a beleza de um por-do-sol: um espetáculo esplendoroso que nos maravilha sempre que paramos para observar. E é na simplicidade que residem os grandes prazeres da vida, na nossa capacidade de amar um céu azul ou simplesmente escutar a sinfonia de uma manhã chuvosa, sob os cobertores. Ou entender o porquê de um copo americano, de uma mesa na calçada, de pequenas sensações e experiências que, de tão corriqueiras, nos fazem transcender.

Não tem bênção maior do que ser leve, e ter essa capacidade de tirar o peso das coisas em simples toques. Uma leveza tão grande que simples palavras tornam-se feitiços capazes de arrancar pequenos sorrisos no canto de rosto, sutis como suspiros, e que possuem sentido maior que as gargalhadas.

Propositalmente ou acidentalmente, essa leveza cativa e nos conduz como as diversas notas passeando por um jazz improvisado. Um jazz sem pauta mas que é executado em plena harmonia e sem perder o ritmo. Porque a vida não segue regras nem scripts, mas cada capítulo dessa nossa epopeia é orquestrado de forma majestosa sem ter obrigação nenhuma em fazer sentido. Não importa o desfecho, cada momento é único. E que seja sempre leve, permitindo-nos sonhar com paisagens, frases e bebidas, enquanto o pequeno chiado de uma vitrola ainda significar alguma coisa.

Um comentário:

  1. Viver a vida com a leveza e o leve daquilo que ainda pode ser.
    Eu preciso aprender.

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