segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Back in town

De repente, não há mais medo nem repúdio. Há saudades, e um sentimento de fazer parte daquilo. O espírito, em sua inquietude, finalmente mostra-se parte desse caos, pois precisa da agitação da desordem e do mistério do concreto para ficar completo. A paisagem é capaz de tocar o coração e a garoa resfria pensamentos, enquanto não enxergar através das muralhas tornou-se necessário para despertar os instintos de sobrevivência.

A calmaria foi abandonada. A paz, agora, só será obtida pelo ritmo frenético e pela surpresa da não-rotina que se faz cada vez mais necessária para matar o marasmo que nos traga como câncer. E a cidade é linda, mesmo com seus traços envelhecidos e desgastados. É mulher bela com cicatrizes que só mostram que batalhou e muito conquistou. Além disso, tem coração tão grande de mãe que nos acolhe, mas também não sem rigor de progenitora. Em todo seu explendor, ela ainda comemora cada ano de grandiosidade, sem esconder seu passado e muito menos as deslealdades do presente e do tempo. Ela chega a sua idade sóbria, lúcida e digna de grande respeito.

Mesmo quando a deixamos, ela nos espera de braços abertos. E nela podemos festejar, curtir e curar ressacas. Podemos encontrar luzes acesas a qualquer hora de qualquer dia. Ou ter o privilégio de transitar entre o desconhecido, passando por mosaicos de rostos e histórias que nunca vamos ler.

Sim, ela é complexa, e pode assustar com seu jeito de juízo e olhos repletos de memórias insanas, como uma tempestade pronta a se libertar. Ela pode nos cansar, nos deixar órfãos por algumas vezes e até ser fria. Mas ela também oferece felicidade, pois é uma cidade única. E eu estou de volta.

Um comentário:

  1. Não há cidade com perfume mais encantador e não há texto mais viciante.

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