domingo, 17 de fevereiro de 2013

Too young to fall in love

Ela estava sentada de frente para a rua, e desviava seu olhar dos olhos dele toda hora para apreciar a paisagem. Aquela era uma conversa nada agradável, e ela em sua inexperiência achava tedioso lidar com tudo aquilo. Não queria mais explicar nada, apenas queria decretar o fim. Um atestado de óbito e nada mais.

Por mais que os momentos tivessem sido lindos, ele nunca tinha sido nada demais. Foi sim, até certo ponto, bom pra ela. Mas apenas bom, não foi ótimo nem espetacular. Mediano, medíocre, uma chama quase apagada que nunca queimou em fogo ardente de paixão. E agora era hora de encerrar tudo aquilo, um relacionamento sem propósito, uma dupla que não se entrosava e apenas queimava o tempo e perdia preciosos minutos que podiam ser gastados em felicidade. Mas o maior problema era a aceitação.

A merda é que ninguém sabe perder. Mesmo as coisas sem valor, sem significado, as coisas pequenas e minúsculas que não valem mais porra nenhuma. Somos possessivos por natureza, e ele, rapaz mimado, sabia menos ainda perder. Ela era isso: mero capricho que ele não deixaria ir fácil. Mas era uma decisão que estava fora de suas mãos, e isso o frustrava.

Então ele pergunta várias coisas sem propósito, entre elas, quer saber quando tudo acabou. Ela nunca soube responder, pois não sabia se acabou na primeira briga. Ou se acabou naquele primeiro sábado em que quis ficar sozinha em vez de estar nos braços dele. Se acabou quando aquele colega passou uma cantada e por dentro sua vaidade brilhou. Se acabou quando eles ficaram com preguiça de se arrumar pra conhecer aquele bar novo e acabaram em casa vendo um filme dublado que passava na TV. Então, ela nada respondeu, e, antes frustrado, agora ele começava a ficar irritado.

Só tinha uma coisa a fazer: ela se levantou, pegou o isqueiro sobre a mesa e foi lá fora fumar um cigarro. Simples resolução de problemas, pois era na nicotina que ela fugia de tudo. Desde os 16 quando matava aulas pra acender um filtro vermelho, que hoje dá arrepios só de lembrar. Depois, uma desculpa para as aulas mais tediosas da faculdade, aqueles quinze minutinhos pra se defumar no terraço e arejar um pouco a cabeça com a brisa da noite. Aliás, tinha sido numa dessas que eles se conheceram, e a lembrança a fez rir: como a vida era cíclica.

Mas essa fuga seguida da risada o fez passar do estágio "irritado" pra "puto", e como todo garoto mimado, ele fazia merda quando assim ficava. Ela voltou mais aliviada, pronta para resolver o assunto com maturidade e serenidade, quando ele começou a despejar todas as merdas pra fora. Disse coisas que não se diz pra uma dama, mas talvez esse tipo de cara nunca aprenda a tratar uma mulher. E ela, por mais arisca que fosse, ainda no fundo era um ser dotado de sensibilidade e começou a chorar. Desmanchou-se em lágrimas, em uma dor tão profunda que esquecera a vaidade frívola de menina que não queria borrar a maquiagem. E não se importava mais se os outros olhavam, queria mesmo é que o mundo sumisse.

A verdade é que, por mais que o amor não tenha idade, ambos eram muito novos para se apaixonar. Ela ainda tinha tanta coisa pra viver, coisas que ele nunca poderia dar. Ele era mimado, possessivo, ciumento e imaturo. Ela era rebelde, instável, boca-dura e tinha uma sede de liberdade que só aumentava a cada restrição que aquele namoro impunha. E, soluçando em lágrimas, ela começava e enxergar o óbvio, o alerta que vários tinham dado e o quanto cega havia sido por tanto tempo.

De repente olhou para ele e odiava suas roupas, seu sorriso falso e seu jeito de convencido. Havia caído em seus braços por achar que ele era ousado e confiante, mas no fundo não passava mesmo era de um babaca. Suas roupas de marca que outrora foram traduzidas em sofisticação, agora para ela eram mera falta de estilo. E o perfume dele enjoava, embrulhando seu estômago junto com aquelas palavras nojentas que ele vomitava em forma de vingança.

Aliás, o rapaz ainda continuava falando, e a imagem mental que a garota fazia era de uma figura que vomitava merda, pastosa e fedida. E o asco aumentava, sua cabeça doía, o soluço não parava e as lágrimas não davam nenhum alívio. Então ela se levantou, deu um tapa na cara dele e deixou o pequeno café sem ao menos olhar pra trás. Para ela, esse foi o melhor momento daquele relacionamento.

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