quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

You shook me

Do outro lado da mesa, nada menos que figura esplêndida em formato de garota que veste seu tênis favorito para um dia especial. Ela era a maior das distrações, deslumbrante beleza e companhia perfeita para um pequeno petisco e conversa de bar. Tão linda que deixá-la se dar ao trabalho de erguer a mão para requisitar o garçom seria fatal descuido. No seu riso, um olhar fulminante daqueles de perder o rumo. Então, estremecido, você não consegue fazer mais nada que não seja desejá-la desesperadamente, pois depois de abrir a guarda sua vida disso depende.

De tão irresistível que ela estava, o céu também quis tocá-la, surpreendendo-a com chuva repentina, enviada apenas para acariciá-la os cabelos pouco antes de ela se abrigar. E tudo isso complica, pois a concorrência divina é adversário ferrenho que não dá brechas, ainda mais para alguém que achou um belo par de olhos e perdeu o rumo.

Então ela ri. E cada riso é mais um pedaço de punhal que se afunda no seu peito. Cada vez que ela entorna o copo sem perder contato visual com você é um arrepio diferente na espinha. As mãos se tocam enquanto a bandinha cede às dedicatórias, numa trilha sonora composta pelas vontades dos expectadores com o que há de mais belo e empolgante. Enquanto isso ela brinca, debocha, encanta.

Quando se dá conta, vocês estão indo embora. Embriagados pelo clima daquela noite magnífica, trepidam pela rua numa recusa de voltar para casa. E você sabe que não pode deixá-la escapar, tem que aproveitar este momento, pois suas pernas pararam de tremer. Ela provoca, você responde. Ela acha que vai sair ilesa, mas você resolve ir de peito aberto, pois nada mais atinge seu coração.

Ela beija você.

E suas pernas tremem novamente.

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