terça-feira, 16 de março de 2010

If the sun refused to shine

Estava frio. Ela ficou sentada na calçada, encolhida, parecia esperar por algo. Silêncio. O único ruído era produzido pelo vento, que estava estranhamente calmo se você olhasse para o céu. Calmo sim, mas frio. Arrepiava como um beijo gélido na nuca, que a fazia estremecer e descruzar os braços, desengonçada. E, com o céu encoberto de cinza, um raio de sol mostrava que ele ameaçava despontar.

Como é bravo, o sol. Ele nunca para, e se altera pouco. Sabe que se aquecer demais pode ferir, e que se desaparecer decretará o fim de qualquer vida. E ele continua lá, acima, paciente, deixando o tempo passar. A verdade é que ele enxerga tudo, e, mesmo em silêncio, mandou um raiozinho beijar o rosto dela. A garota sentiu aquela ponta de calor e sorriu. Então, entre as nuvens, o sol desapareceu novamente, pois seu raio ficaria contido naquela pequena alegria.

Ela se levanta, espana a poeira da roupa e olha pra cima. Fica imaginando para onde ele pode ter ido, e o que deve estar fazendo. Se perde em devaneios tantos que o vento a envolve por completo, sem causar o menor arrepio. O coração dela estava aquecido novamente, dando a certeza de que a aurora brilharia na manhã seguinte.

2 comentários:

  1. A certeza é algo que deve ser guardado numa caixinha. De tão preciosa que é.


    Belo texto.

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  2. Sem palavras. Lindo, Enzinho!

    Por mais tímido que seja o raio, quem já o sentiu uma vez de coração aberto, sabe que vale a pena esperá-lo na manhã seguinte.

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